Definitivamente não!
Terapia Neural é um método que utiliza injetáveis (agentes neurais terapêuticos) em baixas concentrações, entre eles procaína e/ou lidocaína, onde esses injetáveis são os propulsores da corregulação do Sistema Nervoso Autonômico.
Estamos falando de um tratamento que, essencialmente, visa que o organismo repare os processos patológicos presentes em tecido biológico, por meio de pequenos estímulos causados pela aplicação dos agentes neurais terapêuticos, em forma de pápulas, intramuscular, endovenoso e ganglionar, promovendo assim a regulação do Sistema Nervoso Autonômico.
Existem diferentes maneiras de interpretar e explicar os fenômenos relacionados à bioenergia humana e aos processos de saúde e doença. Um exemplo disso é a teoria milenar que sustenta os princípios da medicina chinesa, que, desde então, já via a pessoa como um todo, interpretando a doença como um desequilíbrio bioenergético.
Outro processo é através da estimulação do potencial de membrana, ou ainda através da Matriz Extracelular (MECA), ou mesmo pela teoria do Caos, entre outros.
A Terapia Neural é uma prática integrativa e biorregulatória, baseada em um princípio de estímulo e reação. O estímulo é uma pequena aplicação de procaína/lidocaína (agente neural terapêutico) em baixas concentrações/microdoses em pontos específicos. Praticamente não há, e não é o objetivo, um efeito anestésico nesta aplicação, mas sim um efeito terapêutico que se mantém ao longo do tempo.
Existe uma imensa rede em nosso corpo composta pelos sistemas nervoso, endócrino e imunológico que trabalham em coordenação, comunicando-se por meio de um grande número de neurotransmissores, hormônios, citocinas e todos os tipos de mensageiros. Não há nenhuma célula em nosso corpo que esteja fora dessa rede. Todos trabalham em ótima coordenação, trocando informações entre si.
Sistema Nervoso Vegetativo
O Sistema Nervoso Vegetativo (SNV) é o “condutor” de todo esse grande movimento, composto pelos sistemas simpático e parassimpático. O SNV constantemente coleta informações sobre como cada parte do nosso corpo está funcionando e também recebe informações sobre o que percebemos ao nosso redor. Com seus circuitos regulatórios humoral, hormonal, neural e celular, participa de todas as reações do organismo, assim como de processos mentais e emocionais.
Ao se deparar com informações que considera não serem as esperadas, o SNV aciona uma série de mecanismos para modificar essa situação, permitindo que o corpo se autorregule e se adapte a novas situações. A Terapia Neural corrobora com isso.
O SNV é responsável por ativar os mecanismos relacionados ao estresse e a todas as doenças associadas ao estresse (transtornos de ansiedade, ataques de pânico, síndrome da fadiga crônica, alguns tipos de asma, úlceras, cervicalgia, lombalgia, artralgias e também alterações psíquicas gravadas em forma de engramas no Sistema Nervoso Central).
Em certas situações, o SNV pode ser alterado ou “irritado” ao receber informações inesperadas. É aqui que surge o conceito abordado na Teoria da Terapia Neural.
Por ser uma intervenção terapêutica muito antiga, seus primeiros expoentes foram os irmãos alemães Ferdinand e Walter Huneke, em 1925, quando, acidentalmente, aplicaram um anestésico local junto com outro medicamento para melhorar uma enxaqueca em sua irmã. O resultado foi positivo e imediato, sendo denominado Fenômeno em Minutos de Huneke.
Em suma, devemos entender que todas as partes do nosso corpo estão relacionadas e conectadas entre si. Isso ocorre porque o cérebro, os órgãos e os tecidos fazem parte de uma mesma rede nervosa e elétrica.
Como resultado, essa rede funcional é potencializada pelo sistema nervoso autonômico, que controlamos involuntariamente, e que regula as funções dos órgãos e tecidos, integrando-os a esse todo e mantendo um equilíbrio máximo.
Em conclusão, qualquer alteração nessa rede nervosa (cicatrizes, infecções, intervenções cirúrgicas, dores agudas e/ou crônicas, estresse emocional), hoje denominados Gatilhos Neuromodulatórios, pode alterar o sistema nervoso autonômico, fazendo surgir sintomas diversos em qualquer parte do corpo.
Compete ao Terapeuta Neural identificar esses Campos de Interferência, hoje denominados Gatilhos Neuromodulatórios, neutralizá-los, identificando-os a partir de uma avaliação clínica detalhada.
O Prof. Dr. Jean Luís de Souza criou o neologismo “Acupunturaneuralterapia” (Souza, J.L.D. 2021), estabelecendo uma íntima relação entre a Acupuntura/MTC, seus Microssistemas, Acupontos, Meridianos (Sistema Jin Luo) e a Terapia Neural, proporcionando uma ampliação no rol de técnicas e procedimentos da Terapia Neural.